O embarque dos animais para o frigorífico é um ponto crucial que vai influenciar diretamente no desempenho de rendimento de carcaça e de eficiência de manejo na propriedade. Sabendo disso, resolvemos fazer um resumo dos principais fatores que vão impactar diretamente para que o pecuarista além de ter manejo de embarque eficiente, tenha um embarque consciente. Seguindo estes passos você terá sucesso e conseguirá evitar possíveis falhas na operação, não vamos aqui discutir aspectos de boas práticas e sim planejamento para que assim seja evitado possíveis impactos no rendimento de carcaça.
Primeiro ponto a ser considerado é que o pecuarista terá que avaliar quantos animais estão realmente aptos para o abate e se estão de acordo com os padrões estabelecidos para o frigorífico, e assim ligar para o frigorífico e iniciar sua cotação. Assim que combinar um preço e escala deverá iniciar sua programação, mas antes de confirmar a escala do abate no frigorífico terá que levar alguns pontos em consideração, a condição da estrada na fazenda e os possíveis gargalos na carga dos animais e manejos no mangueiro (programação da fazenda) para assim saber com a equipe da fazenda se o embarque poderá ser realizado no dia combinado com o frigorífico. Verificado e confirmado a escala, se preparar para o embarque sabendo qual o manejo de fechamento dos animais que a propriedade realiza, tempo de jejum, retirada de trato e outros fatores que são combinados como procedimento de embarque da fazenda. Lembrando que qualquer alteração nestes fatores vai interferir diretamente no rendimento de carcaça.
Para não acontecer surpresas no momento do embarque é importante que o pecuarista tenha verificado se os animais estarão realmente aptos para o embarque, se não nenhum animal ferido ou que não tenha condições de ser embarcado e também já saber a ERA (Idade) que os animais possuem para emitir as GTAS e NFs e se estes estão realmente prontos (gordos) para o abate.
Muitos produtores possuem escritórios de contabilidade que já emitem as NFs para a fazenda, assim, importante avisar o escritório com antecedência ou se o produtor é habilitado na lista trace avisar a certificadora para que eles possam também se programar e assim passar as informações do abate como, I.E (inscrição estadual) do frigorífico, e também saber as possíveis habilitações dos animais (Lista Trace, Novilho Precoce, China, Bopriva e/ou lista geral) e como essas informações terão que ser inseridas na GTA e NF, para saber essa informação basta ligar para o comprador e tirar suas dúvidas.
Obs.: No caso do Bopriva (Imunocastração sempre validar com o frigorífico se o protocolo é aceito e emitir o laudo para que e assim a via original possa viajar com o caminhoneiro.
Saber se a equipe de campo está completa e se terá condições de fechar os animais e embarcar em tempo hábil.
Foi realizado a retirada do trato conforme sempre estabelecido na propriedade? Foi realizado o fechamento dos animais conforme o padrão da fazenda? São perguntas muito importantes que o pecuarista saiba para que possa ter um parâmetro justo do seu rendimento de carcaça, principalmente se optou em realizar uma venda que não costuma realizar. O score corporal dos animais estava como o esperado? Saber isso vai te dar um parâmetro de como os animais podem ser classificados no momento do abate.
Esse é um ponto crucial para maior agilidade do embarque, a equipe de campo deverá ser direcionada para qual a posição que cada um vai ocupar e como o embarque deverá ser conduzido, conferindo assim também a qualidade das instalações do mangueiro, da infraestrutura da balança e tronco de contenção para que não tenha nada que possa atrapalhar o manejo ou até mesmo causar ferimento nos animais.
Algumas tomadas de decisões e atitudes dentro do manejo de embarque fazem a total diferença para o melhor fluxo de embarque dos animais, algumas dicas que podem facilitar muito a vida da fazenda e evitar que os animais se estressem.
1ª DICA: PESAR OS ANIMAIS E DEPOIS EMBARCAR.
Uma dica importante, principalmente porque sabemos que os bovinos são animais gregários (animais que vivem em bandos ou em grupos) e para que o manejo e fluxo de embarque ocorra de maneira rápida, a melhor maneira é visualizando outros animais á sua frente. Portanto faça primeiro a pesagem dos animais separadamente, após a pesagem passe os animais separando pelo compartimento de carga do caminhão que receberá os animais.
2ª DICA: EVITAR GRITARIA, CORRERIA E CACHORRO DURANTE O MANEJO
Não precisamos de treinamentos complexos ou de consultorias especializadas para saber que isso facilita e muito a tranquilidade dos animais no curral e também diminui os riscos de acidente no trabalho e o nível de stress dos funcionários. Cachorros só são bem-vindos se possuem comportamento adequado no local e respeitam o manejo dos animais.
3ª DICA: NÃO UTILZAR OBJETOS PARA “CUTUCAR” OS ANIMAIS, ENTENDA COMO O ANIMAL SE COMPORTA E SEJA RACIONAL
4ª DICA: NÃO UTILIZE CHOQUE A TODO MOMENTO
O choque no embarcadouro e no mangueiro só deverá ser utilizado se os animais em casos extremos.
Nota: O choque bem regulado (voltagem certa) não causa ferimento e nem dor nos animais.
5ª DICA: SE ALGUÉM MALTRATAR OS ANIMAIS, TOME ATITUDE.
Lembre-se que você é responsável pelo que você produz, os maus tratos nos animais além de causar percas produtivas no abate/fazenda tem um peso enorme na conduta ética sobre aquilo que produzimos, faça a sua parte, alimente as pessoas com responsabilidade.
6ª DICA: EVITAR QUE PESSOAS MAL TREINADAS OU QUE NÃO ESTEJAM APTAS FÍSICA E MENTALMENTE MANEJE OS ANIMAIS.
Sabemos que é comum em propriedades rurais a falta de instrução e treinamento, o responsável da fazenda deverá identificar isso e selecionar os colaboradores para as funções adequadas de cada um, diminuindo a possibilidade de um funcionário se machucar ou machucar algum animal.
É possível observar dois erros na imagem: O cachorro atrapalhando o fluxo de embarque ao latir para os animais no embarcadouro e o caminhoneiro dando choque mesmo com os animais seguindo o fluxo de embarque.
Neste sentido, o pecuarista deverá liberar para o embarque somente a quantidade correta para cada compartimento do caminhão 6 EM 6, 7 EM 7. Vai depender de cada compartimento de carga.
Depois de finalizar a acomodação dos animais o pecuarista deverá iniciar alguns procedimentos para ter segurança tanto no parâmetro de rendimento de carcaça quanto na boas-práticas:
Veja que neste período de conferência da documentação os animais se acomodam no caminhão e ficam mais seguros de seguir viagem. Veja o vídeo comprovando isso:
Ao realizar toda a conferência de carga e documentação, o responsável da fazenda deverá assinar a minuta de embarque com as respectivas cargas e algumas informações do embarque. Neste momento o pecuarista deverá ter muita atenção ao assinar, pois a minuta de embarque torna-se um documento caso ocorra alguma divergência da chegada dos animais no frigorífico e no momento do abate, ele também comprova a saída dos animais da fazenda e pode demonstrar possíveis falhas do manejo de embarque e da contenção dos animais.
Caminhões já no trecho, aproveite para ligar para o frigorífico e avisar a saída dos caminhões já passando possíveis orientações de aparte ou até mesmo com relação a alguma documentação de chegada dos animais no frigorífico.
Após a chegada dos animais no frigorífico o responsável deverá verificar se o aparte está correto, para isso é muito importante ter sempre em mãos as informações de pesagem e relação de aparte para realizar a conferência de rendimento de cada lote ou da categoria a ser mensurada.
Realizar o acompanhamento para verificação do correto aparte e do impacto ou incidência de hematomas na carcaça, importante neste momento saber exatamente se os hematomas presentes na carcaça foram acometidos no embarque ou transporte.
INFORMAÇÕES, DÚVIDAS E SUGESTÕES: ENTRE EM CONTATO
Vídeo Relacionado no canal da PecBR no Youtube:
LEIA TAMBÉM: