Manual do Planejamento de embarque bovino em 3 etapas

Caio Rossato

Práticas adotadas que irão facilitar muito sua vida na fazenda e no momento do embarque



           O embarque dos animais para o frigorífico é um ponto crucial que vai influenciar diretamente no desempenho de rendimento de carcaça e de eficiência de manejo na propriedade. Sabendo disso, resolvemos fazer um resumo dos principais fatores que vão impactar diretamente para que o pecuarista além de ter manejo de embarque eficiente, tenha um embarque consciente. Seguindo estes passos você terá sucesso e conseguirá evitar possíveis falhas na operação, não vamos aqui discutir aspectos de boas práticas e sim planejamento para que assim seja evitado possíveis impactos no rendimento de carcaça.


            Primeiro ponto a ser considerado é que o pecuarista terá que avaliar quantos animais estão realmente aptos para o abate e se estão de acordo com os padrões estabelecidos para o frigorífico, e assim ligar para o frigorífico e iniciar sua cotação. Assim que combinar um preço e escala deverá iniciar sua programação, mas antes de confirmar a escala do abate no frigorífico terá que levar alguns pontos em consideração, a condição da estrada na fazenda e os possíveis gargalos na carga dos animais e manejos no mangueiro (programação da fazenda) para assim saber com a equipe da fazenda se o embarque poderá ser realizado no dia combinado com o frigorífico. Verificado e confirmado a escala, se preparar para o embarque sabendo qual o manejo de fechamento dos animais que a propriedade realiza, tempo de jejum, retirada de trato e outros fatores que são combinados como procedimento de embarque da fazenda. Lembrando que qualquer alteração nestes fatores vai interferir diretamente no rendimento de carcaça.


1° ETAPA: DIA QUE ANTECEDE O EMBARQUE


  • CONFERÊNCIA DA CONDIÇÃO E IDADE DOS ANIMAIS DO EMBARQUE

Para não acontecer surpresas no momento do embarque é importante que o pecuarista tenha verificado se os animais estarão realmente aptos para o embarque, se não nenhum animal ferido ou que não tenha condições de ser embarcado e também já saber a ERA (Idade) que os animais possuem para emitir as GTAS e NFs e se estes estão realmente prontos (gordos) para o abate.


  • EMISSÃO DE DOCUMENTOS

Muitos produtores possuem escritórios de contabilidade que já emitem as NFs para a fazenda, assim, importante avisar o escritório com antecedência ou se o produtor é habilitado na lista trace avisar a certificadora para que eles possam também se programar e assim passar as informações do abate como, I.E (inscrição estadual) do frigorífico, e também saber as possíveis habilitações dos animais (Lista Trace, Novilho Precoce, China, Bopriva e/ou lista geral) e como essas informações terão que ser inseridas na GTA e NF, para saber essa informação basta ligar para o comprador e tirar suas dúvidas.


Obs.: No caso do Bopriva (Imunocastração sempre validar com o frigorífico se o protocolo é aceito e emitir o laudo para que e assim a via original possa viajar com o caminhoneiro.


  • GERENCIAMENTO DA EQUIPE DE MANEJO

Saber se a equipe de campo está completa e se terá condições de fechar os animais e embarcar em tempo hábil.


  • COMO ESTAVA O CONSUMO NA DIETA E O SCORE CORPORAL DOS ANIMAIS

           Foi realizado a retirada do trato conforme sempre estabelecido na propriedade? Foi realizado o fechamento dos animais conforme o padrão da fazenda? São perguntas muito importantes que o pecuarista saiba para que possa ter um parâmetro justo do seu rendimento de carcaça, principalmente se optou em realizar uma venda que não costuma realizar. O score corporal dos animais estava como o esperado? Saber isso vai te dar um parâmetro de como os animais podem ser classificados no momento do abate.


2° ETAPA: DIA DO EMBARQUE


  • REUNIÃO DA EQUIPE DE CAMPO ANTES DO EMBARQUE

Esse é um ponto crucial para maior agilidade do embarque, a equipe de campo deverá ser direcionada para qual a posição que cada um vai ocupar e como o embarque deverá ser conduzido, conferindo assim também a qualidade das instalações do mangueiro, da infraestrutura da balança e tronco de contenção para que não tenha nada que possa atrapalhar o manejo ou até mesmo causar ferimento nos animais.


  • PESAGEM, BOAS PRÁTICAS E O QUE EVITAR NO MANEJO DOS ANIMAIS

Algumas tomadas de decisões e atitudes dentro do manejo de embarque fazem a total diferença para o melhor fluxo de embarque dos animais, algumas dicas que podem facilitar muito a vida da fazenda e evitar que os animais se estressem.




abate bovino

1ª DICA: PESAR OS ANIMAIS E DEPOIS EMBARCAR.


Uma dica importante, principalmente porque sabemos que os bovinos são animais gregários (animais que vivem em bandos ou em grupos) e para que o manejo e fluxo de embarque ocorra de maneira rápida, a melhor maneira é visualizando outros animais á sua frente. Portanto faça primeiro a pesagem dos animais separadamente, após a pesagem passe os animais separando pelo compartimento de carga do caminhão que receberá os animais.


2ª DICA: EVITAR GRITARIA, CORRERIA E CACHORRO DURANTE O MANEJO


Não precisamos de treinamentos complexos ou de consultorias especializadas para saber que isso facilita e muito a tranquilidade dos animais no curral e também diminui os riscos de acidente no trabalho e o nível de stress dos funcionários. Cachorros só são bem-vindos se possuem comportamento adequado no local e respeitam o manejo dos animais.


3ª DICA: NÃO UTILZAR OBJETOS PARA “CUTUCAR” OS ANIMAIS, ENTENDA COMO O ANIMAL SE COMPORTA E SEJA RACIONAL


4ª DICA: NÃO UTILIZE CHOQUE A TODO MOMENTO


O choque no embarcadouro e no mangueiro só deverá ser utilizado se os animais em casos extremos.

Nota: O choque bem regulado (voltagem certa) não causa ferimento e nem dor nos animais.


5ª DICA: SE ALGUÉM MALTRATAR OS ANIMAIS, TOME ATITUDE.


Lembre-se que você é responsável pelo que você produz, os maus tratos nos animais além de causar percas produtivas no abate/fazenda tem um peso enorme na conduta ética sobre aquilo que produzimos, faça a sua parte, alimente as pessoas com responsabilidade.


6ª DICA: EVITAR QUE PESSOAS MAL TREINADAS OU QUE NÃO ESTEJAM APTAS FÍSICA E MENTALMENTE MANEJE OS ANIMAIS.


Sabemos que é comum em propriedades rurais a falta de instrução e treinamento, o responsável da fazenda deverá identificar isso e selecionar os colaboradores para as funções adequadas de cada um, diminuindo a possibilidade de um funcionário se machucar ou machucar algum animal.


embarque bovino

É possível observar dois erros na imagem: O cachorro atrapalhando o fluxo de embarque ao latir para os animais no embarcadouro e o caminhoneiro dando choque mesmo com os animais seguindo o fluxo de embarque.

  • ACOMODAÇÃO DOS ANIMAIS NO CAMINHÃO

Neste sentido, o pecuarista deverá liberar para o embarque somente a quantidade correta para cada compartimento do caminhão 6 EM 6, 7 EM 7. Vai depender de cada compartimento de carga.

  • FINALIZAÇÃO DO EMBARQUE E CONFERÊNCIA DA CARGA

Depois de finalizar a acomodação dos animais o pecuarista deverá iniciar alguns procedimentos para ter segurança tanto no parâmetro de rendimento de carcaça quanto na boas-práticas:

  1. ANOTAR TEMPO DE JEJUM
    Anotar sempre o tempo em que os animais ficaram fechados no mangueiro e o tempo que iniciaram a pesagem e o horário da pesagem e assim verificar se está de acordo com o padrão da fazenda.
  2. CONFERIR AS CARGAS E AGUARDAR 15-20 MINUTOS.
    Conferir a carga juntamente com os caminhoneiros para verificar se há algum animal incapacitado de seguir viagem e se a quantidade embarcada está correta, aproveite para conferir a documentação de transporte (GTA, NF, MODELO A/B, e outros).


Veja que neste período de conferência da documentação os animais se acomodam no caminhão e ficam mais seguros de seguir viagem. Veja o vídeo comprovando isso:



  • MINUTA DE EMBARQUE É UM DOCUMENTO

Ao realizar toda a conferência de carga e documentação, o responsável da fazenda deverá assinar a minuta de embarque com as respectivas cargas e algumas informações do embarque. Neste momento o pecuarista deverá ter muita atenção ao assinar, pois a minuta de embarque torna-se um documento caso ocorra alguma divergência da chegada dos animais no frigorífico e no momento do abate, ele também comprova a saída dos animais da fazenda e pode demonstrar possíveis falhas do manejo de embarque e da contenção dos animais.

  •   PÓS EMBARQUE

Caminhões já no trecho, aproveite para ligar para o frigorífico e avisar a saída dos caminhões já passando possíveis orientações de aparte ou até mesmo com relação a alguma documentação de chegada dos animais no frigorífico.


3° ETAPA: DIA DO ABATE


  • VERIFICAR SE OS ANIMAIS ESTÃO BEM ACOMODADOS NO CURRAL
bem estar animal
  • CONFERIR O APARTE DOS ANIMAIS NO FRIGORÍFICO

Após a chegada dos animais no frigorífico o responsável deverá verificar se o aparte está correto, para isso é muito importante ter sempre em mãos as informações de pesagem e relação de aparte para realizar a conferência de rendimento de cada lote ou da categoria a ser mensurada.


  • ACOMPANHAR O ABATE

Realizar o acompanhamento para verificação do correto aparte e do impacto ou incidência de hematomas na carcaça, importante neste momento saber exatamente se os hematomas presentes na carcaça foram acometidos no embarque ou transporte.


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Vídeo Relacionado no canal da PecBR no Youtube:

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