Veja a entrevista concedida para DBO: JÁ É HORA DE DISCUTIR A RELAÇÃO PECUARISTA X FRIGORÍFICO
Especialista mostra a falta de comunicação entre pecuaristas e frigoríficos gera equívocos de manejo, que podem reduzir em até 70% do valor de carcaça
O relacionamento entre pecuaristas e frigoríficos deverá ir muito além das negociações pela arroba e classificação dos animais no gancho, mais ainda continuará conturbado, como mostrou o Workshop Carcaça Ideal, realizado em Campo Grande, MS, pela Consultoria PecBr. A falta de harmonia entre os dois principais elos da cadeia pecuária bovina tem impedido a adoção de práticas de manejo que poderiam evitar penalizações na inspeção sanitária, garantir carcaças mais rentáveis e melhorar a rentabilidade dos dois segmentos, especialmente do pecuarista. Mesmo tendo ocorrido alguns avanços nessa relação nos últimos anos, uma interação mais afinada continua sendo tabu.
O Zootecnista Caio Rossato diretor da PecBr, que intermedia vendas e acompanha abates, decidiu mergulhar no assunto. No evento realizado pela empresa (misto de workshop com curso), Rossato lembrou, por exemplo, que descuidos ou equívocos no manejo de embarque dos bovinos na fazenda e desembarque no frigorifico, que deveriam seguir protocolos acordados, porem reduzir o valor do normal em até 70%. “Muitos produtores ainda convivem de forma conturbada com a indústria e lhe atribuem toda a culpa pelo baixo rendimento ou eventual desclassificação das carcaças. Já os frigoríficos costumam jogar a responsabilidade por lesões exclusivamente nos pecuaristas. Temos de separar o que é mito e o que é de verdade nessa relação”. Observou Rossato que, de 2014 a 2019, acompanhou o abate de 2.200 lotes de bovinos, oriundos de fazendas de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Goiás e Paraguai.
INDUSTRIA É CLIENTE
Segundo ele, os pecuaristas são fornecedores de matéria prima e, por isso, têm de enxergar a indústria como cliente. “A harmonia é fundamental nesse processo. Caso o fornecedor tenha um produto de boa qualidade, vai encontrar quem pague por ele, mais é do processamento dos animais na fazenda ao manejo pré-abate na indústria que ocorrem equívocos capazes de derrubar o rendimento final da carcaça”, disse Rossato. “Um embarque mal feito, causa muitas lesões nos animais e esses traumatismos são focos de proliferação de bactérias, por isso a inspeção determina sua retirada”, exemplificou.
Essa contusões, segundo ele, também ocorrem durante o transporte que, invariavelmente, é de responsabilidade da indústria (frota própria ou terceirizada). Podem acontecer pisoteio, queda e acidentes provocados por más condições de viagem ou mesmo deficiência estrutural dos veículos. “A estrada e o motorista são os maiores causadores de hematomas. A quantidade de animais alojados no veículo a categoria do lote a distância percorrida também importam. Quando o pecuarista percebe qualquer irregularidade na saída da fazenda deve comunicar imediatamente à indústria”, disse o consultor.
CUIDADOS NA VACINAÇÃO
Outro motivo de quebra de rendimento, são as lesões vacinais, que também exigem retirada do local afetado, devido ao risco de contaminação. Elas ocorrem em função de componentes da vacina ou de equívocos durante a aplicação do produto. “Economizar na vacinação é dar um tiro no próprio pé.
Recentemente, acompanhei do abate de um lote de 165 animais. Ao final, 13,9% dos bovinos estavam com abscessos. A perda total foi de 111 arrobas. Ao valor de R$ 127,2 a cada arroba, isso representou um prejuízo de R$ 14.123,00”, relatou Rossato. Antes do embarque de fêmeas, ele recomenda que seja feito na fazenda um diagnóstico de prenhes para se identificar e apartar aquelas que estejam cheias: “Já vi abate com perda de 1,5% na carcaça pela presença do bezerro (feto)”.
O zootecnista tem por habito levar periodicamente pecuaristas, gerentes e gestores de fazendas para acompanhar abates nas indústrias e defende este procedimento para melhor a compreensão do processo de aproximação entre as partes. “Muitos produtores reclamam mas nunca visitaram uma indústria. Quando o fazem e conferem a quantidade de perdas por equívocos dentro da porteira, acabam mudando a rotina na fazenda e ganhando em eficiência”, relata um consultor.
CUIDADOS NA VACINAÇÃO
Outro motivo de quebra de rendimento, são as lesões vacinais, que também exigem retirada do local afetado, devido ao risco de contaminação. Elas ocorrem em função de componentes da vacina ou de equívocos durante a aplicação do produto. “Economizar na vacinação é dar um tiro no próprio pé.
Recentemente, acompanhei do abate de um lote de 165 animais. Ao final, 13,9% dos bovinos estavam com abscessos. A perda total foi de 111 arrobas. Ao valor de R$ 127,2 a cada arroba, isso representou um prejuízo de R$ 14.123,00”, relatou Rossato. Antes do embarque de fêmeas, ele recomenda que seja feito na fazenda um diagnóstico de prenhes para se identificar e apartar aquelas que estejam cheias: “Já vi abate com perda de 1,5% na carcaça pela presença do bezerro (feto)”.
O zootecnista tem por habito levar periodicamente pecuaristas, gerentes e gestores de fazendas para acompanhar abates nas indústrias e defende este procedimento para melhor a compreensão do processo de aproximação entre as partes. “Muitos produtores reclamam mas nunca visitaram uma indústria. Quando o fazem e conferem a quantidade de perdas por equívocos dentro da porteira, acabam mudando a rotina na fazenda e ganhando em eficiência”, relata um consultor.
MITOS E VERDADE DE UMA RELAÇÃO HISTORICAMENTE TUMULTUADA
Mito! Existem no Brasil mais de 21 programas de bonificação por qualidade e rastreabilidade. Saber exatamente em qual se enquadrar para comercializar suas carcaças pode significar até 12% de acréscimo na renumeração sobre o valor da arroba.
Mito! Esses procedimentos são realizados pelo serviço de inspeção sanitária (federal, estadual ou municipal) dentro do frigorifico. Cabe a ele fazer o diagnóstico de doenças e emitir laudos sobre a carcaças condenadas.
Verdade! No Brasil, essa realidade faz com que muitos pecuaristas tenham receio de abater seus animais em alguns frigoríficos. A ausência de padronização pode impactar em até 2% o rendimento de carcaça. Entender o padrão adotado por uma determinada indústria é crucial para a tomada de decisão sobre a venda de animais.
Mito! As penalizações por peso, doença, idade ou acabamento são sempre tratadas de forma transparente e confiável, sempre que há boa parceria no relacionamento entre os pecuaristas e indústria.
Mito! É aconselhável que o pecuarista tenha sempre em mãos o histórico dos seus abates com a variação de rendimento de acordo com a categoria, dieta e jejum. Assim ele terá como saber exatamente qual a interferência dos abates em diferentes plantas frigorificas e tomar suas decisões.
Verdade! É uma visão que poucos produtores possuem. Tratando o frigorifico como cliente, o pecuarista passa a entender suas necessidades de demandas viabilizando novas parcerias e melhores negociações.
Verdade! É comprovado que a qualidade da suplementação na fazenda tem impacto direto no rendimento e no acabamento de carcaça estrategicamente pode ser adotada no pasto, no cocho e no pré-abate.
Mito! Além de aumentar o aproveitamento de cortes de valor agregado, a gordura de cobertura é importante para reduzir a quebra de frio (perda de peso das carcaças durante o armazenamento no frigorifico). Carcaças sem acabamento geram perdas significativas para a industrias.
Para maiores esclarecimentos, dúvidas e sugestões, entre em contato conosco!
pecuaria eu produzo carne pecbr artigos e noticias pec br
LEIA TAMBÉM: